Estudantes internacionais afetados por atrasos no visto Schengen de Portugal

Muitos estudantes internacionais afirmam que esperaram de seis meses a um ano por seus vistos de estudante Schengen de Portugal.

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Os estudantes internacionais estão cada vez mais frustrados com os atrasos prolongados no processamento do visto Schengen de Portugal. Muitos alegam que esses atrasos atrapalham seus planos acadêmicos e oportunidades futuras. Apesar da popularidade de Portugal como um centro educacional, a questão do visto se tornou um grande obstáculo.

Diminuição dos pedidos

De acordo com dados recentes, houve uma queda preocupante no número de estudantes internacionais que solicitaram vistos para Portugal. Os consulados portugueses informaram que houve um declínio acentuado nos solicitantes brasileiros, em particular. Em 2024, eles emitiram apenas 9,2% dos vistos para fins de estudo para brasileiros.

Esse número mostra uma queda drástica em relação aos 35,48% registrados em 2022. O Brasil, que envia um grande número de estudantes para Portugal, agora reflete a hesitação entre os candidatos. As autoridades também observaram a mesma tendência para vistos de estudo temporários de seis meses para candidatos com bolsas de estudo internacionais.

Em 2022, os vistos de estudo para estudantes internacionais representaram 14,34% dos documentos emitidos pelo consulado. Entretanto, em 2024, eles representaram apenas 6,8%.

Tendências contrastantes para estudantes internacionais

Os especialistas acreditam que os atrasos têm desencorajado os estudantes internacionais a escolher Portugal como destino de estudo. Sem prazos garantidos para a aprovação de vistos, os estudantes muitas vezes recorrem a países alternativos. Universidades e agências de educação confirmam essa tendência, chamando-a de um problema sério para a reputação global de Portugal.

O vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa, João Amaro de Matos, e o CEO do Grupo Lusófona no Brasil, António Fiúza, observaram uma tendência contrária. Enquanto há um declínio no número de estudantes internacionais que solicitam vistos Schengen para Portugal, há mais estudantes brasileiros matriculados.

“Acredito que há um controle mais rígido sobre a concessão de vistos de estudo, mas o interesse dos brasileiros em estudar em Portugal permanece”, disse ele. “O que vemos é uma presença significativa de estudantes brasileiros em todos os níveis de ensino em Portugal.”

As dificuldades dos estudantes internacionais

Os alunos internacionais que enfrentaram esses atrasos expressam decepção e estresse. Muitos relatam ter esperado seis meses, com alguns casos chegando a um ano. Essa incerteza prolongada perturba não apenas seus planos educacionais, mas também seus compromissos financeiros e de moradia.

Alguns alunos até abandonam os planos de estudar em Portugal devido aos longos períodos de espera. Por isso, as universidades lutam para preencher as vagas, especialmente em programas competitivos que dependem de matrículas internacionais.

As universidades de Portugal estão cientes da crise e levantaram a questão junto às autoridades. Paulo Jorge Ferreira, Presidente do Conselho de Reitores, admitiu que os atrasos nos vistos continuam sendo um obstáculo significativo. Ele enfatizou seu impacto sobre a capacidade dos estudantes internacionais de se matricularem dentro do prazo e sobre o planejamento institucional.

“Isso é ruim para eles e para a universidade”, disse ele. “E o problema não é apenas a demora na emissão de vistos. Se, eventualmente, essas pessoas precisarem retornar ao seu país de origem, por exemplo, no caso de uma emergência familiar, elas não poderão. Há muita burocracia que precisa ser resolvida.”

Implicações mais amplas

Embora as universidades defendam a simplificação dos processos de visto, o governo tem respondido lentamente. Os alunos continuam esperando, sentindo-se presos entre os sonhos acadêmicos e os desafios burocráticos.

Portugal corre o risco de perder sua reputação como um destino acolhedor para a educação internacional. Países como Espanha, Alemanha e França já oferecem procedimentos de visto mais fáceis, atraindo estudantes que poderiam ter escolhido Portugal.

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